segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

CÓDIGO DO TRABALHO

Tenho para mim que a reforma do Código do Trabalho da dupla Vieira da Silva/José Sócrates é uma peça fundamental na estratégia socialista da aplicação do neoliberalismo às relações laborais.
Foi por isso que recebi com indisfarçável alegria o chumbo do Tribunal Constitucional à proposta nele contida de permitir que um trabalhador indiferenciado pudesse ser contratado a título experimental por seis meses, período durante o qual a insegurança e a incerteza fariam parte da sua vida, afectando-a negativamente.
Acresce que os senhores juízes decidiram por unanimidade, o que revela bem a evidência de uma inconstitucionalidade denunciada antes mais ninguém pelo PCP e que só os socialistas populares e modernos recusaram ver. Bem feita.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

UNIÃO NACIONAL EM TEMPO DE CRISE

Gostava de ter escrito isto, mas quem o fez e muito melhor do que eu faria foi o Incursões:
A unidade, a união sagrada e os seus adeptos
O dr Mário Soares resolveu fazer um apelo. Um apelo à unidade. Diz o excelente senhor que numa situação destas (presume-se que se refere à economia, apesar da calma olímpica de vários responsáveis governamentais) não se deve andar em “guerrilhas” políticas. Deve haver unidade. À volta do Governo, presume-se.
Parece que o dr Soares entende que a política deve ir para férias por uns tempos. E a democracia provavelmente também. Como se a crise fosse outra coisa que não política. Como se a economia fosse algo que é independente da política.
O dr Mário Soares não é como o vinho do porto. Envelhece mal. Então descobriu agora que o apelo à unidade, usado por tudo o que foi regime fascista, é o ideal para combater a crise. Esquece que durante os muitos anos em que andou na oposição, o governo da altura o criticava por ele andar em guerrilhas esquecendo que o país estava a braços com uma, duas ou três guerras na África.
O apelo à unidade, feito desta maneira, diz tudo, infelizmente, do pensamento cadaveroso de alguma elite política portuguesa. Claro que o dr. Soares tem uma desculpa. Do outro lado está Manuel Alegre. E ele, Soares, que jura não falar disso, só fala disso, mesmo quando silencia. Não engoliu a derrota eleitoral.Também fez umas declarações curiosas sobre coragem política. Poderia, mesmo tardiamente, atribuir à drª Ferreira Leite a mesma coragem que hoje reconhece numa sua sucessora.
Porque Ferreira Leite tinha na altura a mesmíssima razão que a sucessora hoje tem. Mas provavelmente o dr Soares acha que a tempos diferentes (mesmo que próximos) deverão corresponder apreciações diferentes.E tem razão: votei nele duas vezes e fiz mesmo parte do núcleo duro dos seus primeiros e escassos apoiantes. Depois preferi Alegre. E senti-me bem. Muito bem. Mas continuei a ter ternura e respeito pelo “velho senhor”. Custa-me vê-lo a dizer o mesmo que os mais alucinados apoiantes de Salazar. Quando se tem uma biografia há que respeitá-la, como disse um dirigente bolchevique que instado a confessar “crimes anti-partido” num processo de Moscovo para salvar a vida, preferiu não o fazer. Foi condenado e executado. E ainda hoje é recordado. E respeitado.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

DISCURSO DO AVESSO

2009 vai ser um ano muito difícil.
À medida que os dias vão passando vai crescer a percepção de que a crise financeira e económica é mais profunda, intensa e duradoura do que à primeira vista parecia. Pior, cada dia que passa cresce a noção de que a crise anda em roda livre e não há meios nem mecanismos para a controlar. Nem à escala de cada país, nem à escala internacional.
Tal como há níveis diferentes de desenvolvimento entre os países, também as crises nacionais assumirão graus e características distintas, sendo mais graves e de consequências mais devastadoras nuns do que noutros. E também é justo dizer que há países que, por não estarem completamente integrados na etapa do capitalismo financeiro, estão a aguentar o embate melhor do que os países completamente submetidos a essa mesma lógica. Na África, na Ásia, na América do Sul e na Oceania.
A situação tornar-se-à ainda mais explosiva à medida que o desemprego disparar e os desempregados se aperceberem que encontrar novo emprego vai ser difícil.
Se a estes dois factores se somar a falência da segurança social, por perda de contribuições e por aumento dos subsídios, e a ruptura do pagamento de pensões de reforma indexadas a fundos e afins, então os países que hipotecaram as suas economias à lógica saída de Bretton Woods, em especial a Europa e Portugal, podem conhecer convulsões sociais de magnitude impossível de avaliar.
Urge fazer o trabalho de casa, prevendo soluções para os cenários mais pessimistas e falar verdade para que cada português se prepare para o pior e não seja apanhado desprevenido. Exactamente o oposto do discurso oficial.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

O MAL E A CARAMUNHA

Discutia-se o facto de a Câmara não dar garantias de integrar os tarefeiros das escolas do primeiro e segundo ciclo nos quadros de pessoal, no processo de passagem da sua gestão para o domínio da autarquia.
Da bancada socialista ouvi o à parte de uma voz conhecida: e que queriam? não têm qualquer vínculo contratual!
Não era o advogado sindical que falava, era o convertido ao PS e isso eu percebo.
O que não percebo é como se pode defender que as vítimas sejam duplamente castigadas. Primeiro, porque ninguém é tarefeiro por gosto mas porque os governos nunca os quiseram integrar na administração pública. Segundo, porque permanecendo sem vínculo efecivo por culpa dos governos não têm direito a ser integrados.
Tanta insensibilidade com os dramas dos outros choca sempre. Mas choca mais quando vem de alguém que julgávamos sensível. Há coisas que nem a brincar se dizem.

INJUSTIÇA FISCAL

Espalhadas pelo território do concelho há mansões, algumas tipo Dallas, que pagam menos de imposto municipal sobre imóveis, vulgo IMI, do que certos apartamentos habitados pela classe média e localizados no centro da cidade, com os benefícios que isso proporciona. É injusto.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

EXPLICAÇÃO METODOLÓGICA DO VOTO

De acordo com alguns estudiosos do assunto, por exemplo Vital Moreira, há muito que os partidos socialistas da Europa se caracterizam por ser da Democracia Liberal, na esfera democrática, defensores do Capitalismo Regulado, na esfera da economia, e adeptos do Estado Social, na esfera social.


Sendo assim, há de facto só um ponto em que eu e o PS convergimos no plano dos princípios - o Estado Social.


É neste pequenino território que reside a razão para votar favoravelmente algumas das suas propostas para o concelho. Pouco, muito pouco como se vê.

TAXAS MUNICIPAIS

A Câmara Municipal de Guimarães tem uma estratégia de desenvolvimento que passa, entre outros projectos, pelo estímulo à cidade inteligente. Cidade, bem entendido, com o sentido abrangente de município.
Exemplos disso são o AvePark e o CampUrbis, previsto para a antiga zona do rio de Couros, para onde pretende captar cientistas, peritos em várias áreas do saber, pequenos ateliers de artistas e jovens intelectuais que terão à sua disposição pequenos espaços baratos e acessíveis, dotados de meios e de tecnologia de ponta.
Trata-se de uma inovação com alguns anos na Europa que não sendo, quanto a mim, a panaceia para os muitos problemas económicos e sociais que nos afectam, pode representar um salto qualitativo em ordem à diversificação do tecido empresarial dominante e condicionante e também pode significar a fixação de uma população com hábitos e necessidades diferenciadas que produza uma procura induzida de novos produtos, que crie novas oportunidades de negócio.
A ideia parece-me interessante e só não percebo por que é que a Câmara demora em adaptar as ferramentas de que dispõe - e não são tantas como isso - colocando-as ao serviço da sua estratégia.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

AVEPARK

Embora ainda longe do pleno, o Avepark está activo, com algumas das suas unidades em funcionamento. Dizem que várias dezenas de técnicos credenciados e investigadores aplicados desenvolvem estudos de que muito há a esperar num futuro que todos gostaríamos fosse breve. Não por meras, mas legítimas esperanças de recuperação dos milhões investidos, mas sobretudo pela área científica em análise e a sua ligação à vida, à saúde.

Enquanto os frutos dessa pesquisa tardam, seria interessante que alguém desenhasse o perfil humano do parque. Quem são os peritos, de onde vieram, qual a sua nacionalidade e habilitações académicas e profissionais, onde residem e que opinião já formaram sobre o local onde vieram parar.

Eu defensor do Avepark me confesso, mas gostaria de perceber em que medida ele se relaciona com o meio envolvente. E o que temos de realizar para a integração de gente tão qualificada no nosso seio.

CENTRO ESCOLAR DAS TAIPAS

A Câmara inseriu as obras de reconversão da Escola do Pinheiral em Centro Escolar das Taipas no seu plano de actividades para 2009. A obra está orçada em 1.325.000,00 euro e será executada em dois anos.
Não conheço o projecto e o que digo enferma dessa falha. Mas confesso que me suscita reservas pela localização. Na verdade, já hoje a escola está atrofiada pelos acessos e nada me permite pensar que no futuro será diferente, bem pelo contrário. A proximidade de um equipamento comercial movimentado não facilita o trânsito nem o estacionamento. Salvo se a Câmara achar alternativa a esse pandemónio, talvez valesse a pena equacionar outro local, construindo nova centralidade.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

A VIAGEM DO PS PARA O NEOLIBERALISMO

No reflexodigital leio que os professores do agrupamento vertical das escolas das Taipas expressaram público desagrado por o modelo de avaliação que o Ministério da Educação impõe. Nem todos os professores do agrupamento são sindicalizados, muitos não estão filiados em sindicato nenhum e em termos partidários há militantes, simpatizantes e votantes de todos os partidos, novos na profissão e mais experientes, de muitas e variadas origens sociais e no entanto convergiram numa posição comum - a da rejeição do modelo, por burocrático, inútil e desperdiçador de tempo precisoso para ensinar. Ao recusar ver e ouvir esta gente, o ministério e o governo dão sinais inquietantes, porque criam o caldo de cultura onde medra o desalento e o desencanto. Desalento e desencanto que explicam a fuga para a reforma de um número crescente de professores cuja experiência se perde, em muitos casos a favor do ensino privado que os recebe de braços abertos e a preço barato.
Dois reitores de duas universidades públicas demitiram-se em nome do espartilho financeiro que estrangula a gestão, depois de 15 ex-reitores terem tomado pública posição contra os orçamentos exíguos dedicados às universidades. Mariano Gago, ministro do ensino superior, ameaça as universidades e acusa os reitores de maus gestores. Teve no acto dos dois demissionários uma resposta à altura do desaforo que proferiu. Resposta tanto mais digna e elevada porque acompanhada do anúncio imediato de nova candidatura, para que possam receber o apoio dos seus pares. Se forem reconduzidos, como tudo indica, ficarão numa posição reforçada e o ministro vai lamentar o que disse.
Dois casos, dois ministérios distintos, mas o mesmo governo e uma só política - autismo, fuga ao diálogo, favor ao ensino privado.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

POEIRA NOS OLHOS

Na SicNotícias de ontem ouvi a simpática Dra. Maria de Belém equiparar a avaliação de professores com a hierarquia verificada nas universidades, com professores catedráticos e assistentes, estabelecendo o paralelo entre ambas as realidades a bem da avaliação de professores por professores.
Mas a comparação não serve. Na universidade o catedrático sobe na carreira pela via de exames feitos por outros catedráticos. No caso dos professores do ensino básico e secundário, eles são examinados por outros colegas que subiram administrativamente de escalão e não possuem qualquer habilitação específica para o efeito. Parecendo o mesmo não é a mesma coisa.

E DEPOIS DESTA CRISE?

A crise do sistema capitalista, na sua versão financeira, está a mostrar as máscaras de alguns actores sobretudo estrangeiros, mas também nacionais.
É o caso de Sarkozy, que se desdobra em iniciativas, cada qual a mais vistosa e ineficaz, que revelam uma sede de protagonismo tal que a UE, e em especial o seu presidente, Durão Barroso, foi remetida para segundo plano. Aliás, não é só Durão Barroso que é desconsiderado. Também a ideia de uma Europa coesa e unida está em causa, com cada estado membro a procurar resolver os seus problemas marimbando-se para os dos outros.
Entre nós também alguns foram ao baú de recordações buscar conceitos, ideias e palavras que tinham metido na gaveta. Caso de Mário Soares, por exemplo, antigo combatente pelo socialismo de rosto humano, ante-câmara do neoliberalismo que invadiu o PS atingindo os seus centros nevrálgicos, e de José Sócrates, que saindo da amnésia que o atacou, renasce como paladino de um capitalismo de rosto humano.
Numa coisa todos esses personagens convergem: é preciso mudar alguma coisa no capitalismo, para que o capitalismo sobreviva.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

ESCOLA DA CHARNECA

Não fui, porque não pude, ver o que se passa na Escola da Charneca, em particular o funcionamento do ATL. Porém, o que me chega pelo relato de pais de crianças, assusta-me se metade do que dizem for verdadeiro.
E eu não tenho motivos para pensar que os pais "pintam" o quadro a seu belo prazer. Nenhum pai gosta de dizer que o seu filho frequenta sítios pouco recomendáveis.
Leio em O Reflexo que há quem veja flores onde outros vêem esterco. Sendo o direito à opinião livre e sendo o direito ao disparate ainda mais livre, como se prova pelos recentíssimos acontecimentos na Madeira, julgo que não se pode fechar os olhos à realidade recorrendo a flores ou a figuras de estilo. Chamar espaço polivalente ao lugar onde as crianças brincam e comem, é fantasia de mau gosto. Resumir as necessidades da escola a peças de mobiliário é cegueira partidária.

A ironia de algumas declarações é uma ofensa para os pais, auxiliares, professores e acima de tudo para as crianças. Um nojo, portanto.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

SOBRE O INQUÉRITO NAS TAIPAS

Pessoa amiga e idónea contou-me que o inquérito às duas funcionárias da Junta de Freguesia está concluído. Aguardo que a Junta tome a iniciativa de, antes de o divulgar ao público, reúna com os representantes dos partidos com assento na assembleia de freguesia para lhes dar a conhecer o essencial dos factos dados por apurados, a quem se atribui a culpa e qual a sanção que pensa aplicar.
Seria desastroso e até humilhante que, procedendo de modo diverso, a Junta estivesse a contribuir objectivamente para que na próxima reunião da assembleia de freguesia se perca tempo a lavar roupa suja.
Mas este Executivo já deu provas de tratar assuntos delicados com caterpillars.

A PROCISSÃO AINDA NÃO CHEGOU AO ADRO

A crise sistémica do capitalismo tarda em chegar a Portugal, mas vai chegar. Refiro-me, obviamente, à crise da economia real e não à crise financeira, que essa já cá está entre nós.
Os próximos anos vão ser muito duros paras os mais desfavorecidos, os trabalhadores, os reformados, os pequenos e médios empresários. Sim, porque nesta como noutras crises anteriores há quem esteja bem e até a enriquecer à custa das dificuldades dos outros.
Fiel à sua estratégia para tentar reeditar a maioria absoluta obtida nas legislativas de 2005, o Governo PS/Sócrates mistifica a realidade insuflando na comunicação social e por ela na opinião pública doses cavalares de propaganda assente em estatísticas convenientes e espectáculos montados interpretados por figurantes pagos pelos contribuintes.
É o caso, por exemplo, das tão decantadas ajudas às PME's. Depois de uma primeira versão está a ser servida a segunda fornada e no entanto a esmagadora maioria das pequenas e médias empresas continua à espera, continua a definhar, continua a sangrar e a perder dinheiro. Umas são excluídas por não reunirem as irrealistas condições de acesso. Outras, onde se encontram até PME's líder, isto é empresas do topo e equilibradas, são beneficiadas e as suas candidaturas aprovadas, mas não recebem total ou parcialmente o subsídio porque a banca, que detém o exclusivo do processo, retém a parte correspondente às dívidas, sejam elas de funcionamento corrente sejam de financiamento.
Por isso eu sou dos que desconfio da bondade das ajudas à produção por intermédio dos bancos. Antes do mais eles vão resolver os seus próprios problemas indiferentes às consequências nas empresas e no emprego. Eles, os bancos, vão aproveitar a garantia do Estado, vão aproveitar o dinheiro dos contribuintes para limparem as suas contas, para sanearem os seus balanços e resolverem pelo menos parcialmente o crédito mal parado. Também por isso os próximos anos serão de mais injustiça social, de mais despedimentos, de mais miséria. Só uma mudança de política pode impedir que tal aconteça e essa mudança não pode assentar na força eleitoral dos partidos responsáveis pela política que desde há 30 anos limita voluntária e deliberadamente o crescimento da economia portuguesa, o PS, o PSD e o CDS.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

O FAZ DE CONTA DA ENTREGA DAS CONTAS

Se a tal "pen" com o Orçamento do Estado que o Ministro das Finanças Teixeira dos Santos entregou ao presidente da Assembleia da República não continha as contas, só alguns dos seus pressupostos, por que não esperou pelo dia seguinte e entregava tudo direito?

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

A LÍNGUA BATE SEMPRE NO DENTE QUE DOI

Num comentário a um blogg que me dispenso de nomear, um anónimo, covarde como todos eles são, fala a meu respeito. Eu, que não tenho por hábito dar troco a quem atira a pedra e esconde a mão (tudo o que faço assino com o nome todo, para não haver sequer confusões com familiares) resolvi ofender a regra e responder.
A pedrada é-me dirigida a propósito das minhas intervenções como deputado à freguesia das Taipas, mais exactamente a propósito do inquérito,ou lá o que é, que a junta resolveu mover.
Ora, se a iniciativa partiu da junta, que tem competência para dirigir o pessoal sob sua orientação, é da mais elementar razoabilidade supor que o inquérito, ou lá o que é, visa esse mesmo pessoal. Não podia eu nem ninguém com dois dedos de testa pensar que a junta, ou parte dela, se colocou sob suspeita ou considerou que havendo uns zunz-zuns o melhor para calar insinuações seria averiguar tudo e todos, do pessoal aos membros do executivo. Portanto, para mim era e é claro que a junta suspeita do pessoal ao seu serviço e não suspeita de si nem dos seus.
É para mim pacífico que só há suspeita porque há indícios, mesmo se vagos e ténues. Admitir que o junta se decidiu por inquirir por capricho ou por perseguição, pessoal e/ou política, não passa pela minha cabeça, porque, até prova em contrário tenho todos e cada um dos seus elementos por gente qualificada e respeitadora da ética.
Aqui chegado, concluo: se a junta mandou fazer um inquérito ao seu pessoal é porque desconfia e quem desconfia desconfia de alguma coisa. Logo, quem levanta a suspeição é o próprio inquérito e não quem dele fala e tirá-lo da sombra, como eu fiz sem nunca falar em nomes, mata o segredo e impede que a suspeição alastre a gente inocente e de mãos limpas.
É verdade que eu já disse que se não acuso ninguém também não ponho as mãos no lume por ninguém, sendo que neste rol incluo funcionárias e políticos. E mais disse e reafirmo que venham depressa os resultados para que este trunfo deixe de o ser e quem for frontalmente acusado se possa defender e contestar.
Eu sei que quando levei este assunto à reunião da assembleia de Junho se criou muita curiosidade, o que acho natural porque muitos ficaram surpreendidos. E alguns ficaram de boca aberta, mais preocupados com o facto de eu saber do que com o facto em si. É a uma versão da história do mensageiro e da mensagem: ataca-se o mensageiro e despreza-se a mensagem de que é portador. Posturas...
Em resumo, tendo eu perguntado se havia algum inquérito em curso, o tesoureiro confirmou a sua existência. A partir de então, morreu o segredo bem guardado.
E como soube eu, perguntam vocês e perguntaram os matadores do mensageiro. Simples, muito simples. Basta pensar, por exemplo, que as pessoas sob inquérito fazem consultas, colhem opinião, falam com amigos e familiares muitos dos quais não sabem guardar segredo, ou tão-só querem ajudar alguém em apuros.
Estava eu disposto a esperar pelos resultados do inquérito quando leio no "Reflexo" a famigerada entrevista do Constantino Veiga. E se antes não estava disposto a deixar que ninguém fosse queimado no lume brando da suspeita, mais motivado fiquei para que rapidamente se saiba a verdade, impedindo que o tempo e a gestão do inquérito manchem reputações. porque o Constantino é a primeira pessoa a publicamente colar os políticos ao processo, políticos deste mandato e do mandato anterior.
Quem me conhece, o que não é seguramente o caso dos encobertos que escrevem e falam com nomes falsos, sabe que quando tenho alguma coisa a dizer o digo aberta e francamente, cara a cara, de olhos nos olhos, correndo os inerentes riscos. É por isso que, como antes disse, eu assino com nome inteiro tudo o que escrevo, digo ou faço. Não gostei do que o Constantino disse e não o escondo nem me escondo para o dizer.
Na minha vida política já passei as passas do Algarve e nunca cedi a esta regra e não seria agora que iria deitar fora a reputação conquistada ou deixar que covardes a ofendam sem a devida resposta. Houve uma vereadora que pensou que me amordaçava ameaçando-me, mas saiu-lhe o tiro pela culatra. Eu disse alto e bom som e em público o que tinha para dizer, desmontei a sua ameaça e cá continuo, enquanto ela foi condenada em tribunal pelo caso que divulguei, depois de ser condenada politicamente.
Nas Taipas e em toda a parte bater-me-ei pela verdade, pela justiça, pela igualdade, pela solidariedade, ainda que isso desagrade a alguns, muitos ou poucos. Na vida e na política rejo-me por princípios e por isso estou de consciência tranquila, imune a modas, ameaças, insinuações e quejandos. Não estou à venda. Não corro por cargos, nem por tachos, nem pelas primeiras páginas dos jornais.
É por isso que incomodo. Tenham paciência.
Aos que escrevem ameaçando-me digo-lhes que perdem tempo.

ASSEMBLEIA DE FREGUESIA

Mais uma vez o presidente da assembleia de freguesia das Taipas incorreu no incumprimento dos prazos legalmente estabelecidos. Custa alguma coisa convocar os representantes dos partidos com assento na AF e com eles fixar datas e agenda? É assim que se faz e muito bem na assembleia municipal e as boas práticas podem e devem ser copiadas.
Creio que ninguém está interessado em criar um caso em torno deste tipo de faltas, mas não deixa de ser uma provocação que tal aconteça sistematicamente. Não é má vontade da oposição, mas se ela não se manifestar a maioria ainda vai dizer que gozam com a gente e a gente cala e consente.
O presidente da mesa foi eleito pelo PSD, mas representa toda a assembleia e deve estar acima das tricas. Infelizmente deixa-se envolver nas estratégias autistas dos seus correligionários.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

OUTRO CAMINHO

Li algures na imprensa escrita deste fim-de-semana que a praga dos salários em atraso recrudesceu.
Há hoje, segundo o DN, que remete para relatório da Autoridade para as Condições de Trabalho, mais portugueses com salários em atraso do que em 2007. Se, como diz o Governo, estamos no bom caminho, imaginem se estivéssemos no mau caminho!

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

11 DE SETEMBRO

Faz anos, num caso 35 noutro 7, que milhares de inocentes foram sacrificados às mãos de loucos que andam por aí à solta.
Por razões de subserviência fala-se quase sempre só num deles, deixando o outro na sombra da memória. Esse esquecimento, ou tentativa de esquecimento não é inocente. Um dia se saberá quem esteve por trás do mais lembrado e eu não me admiraria que fossem os mesmos que abençoaram e incentivaram o menos falado.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

CAUCASO

Quando os EUA e a Nato e alguns países da Europa retalharam a Jugoslávia, bombardearam Belgrado e criaram o protectorado do Kosovo, a que mais tarde deram a independência, a Rússia, entre outros países, insurgiu-se protestando contra a violação do direito internacional que defende a prevalência das fronteiras em prejuízo das pulsões independentistas.
Agora na Geórgia, ou mais propriamente a propósito das provocatórias aventuras militares da Giórgia, a Rússia manda às malvas tudo o que disse e escreveu antes e porta-se como os EUA se portaram nos Balcãs, calcando o direito internacional em benefício da independência das regiões separatistas.
Em ambos os casos o que sobra é a falta de coerência e a substituição do direito nas relações internacionais pela força das armas. O que além do mais é perigoso.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

SINAIS DA CRISE

Fui com a Ilda manifestar a nossa solidariedade aos trabalhadores da Fidar que ao portão da fábrica mostram a quem passa mais uma empresa têxtil que agoniza.
Ouvi o costume da boca de homens e mulheres que ali gastaram muitos anos - um deles dizia do alto dos seus cinquenta anos que tinha 11 quando entrou ali pela primeira vez. Só querem o que a lei lhes dá.
Lembro-me de um dia ter visitado a empresa. Era uma fiação moderna. Juntamente com a Incotex, de cujo ventre tinha saído, formava um conjunto que primava pelas condições de trabalho e pelo respeito aos seus operários.
Agora porta-se como outras. Daí a mágoa que senti nas palavras dos mais velhos.

QUESTÃO DE FRALDAS

À saída da última reunião da assembleia de freguesia um homem dos seus cinquenta e tal anos abeirou-se de mim e disse: se eu estivesse no seu lugar tinha sido mais duro com os socialistas.
Não conheço o senhor que rematou a conversa dizendo: eles ainda andam de fraldas.
Delicadamente agradeci as palavras outras que me dirigiu e despedi-me dele pedindo-lhe que embrulhasse as fraldas para não empestarem o ar limpo da democracia.

INQUÉRITO OU AUDITORIA?

Em entrevista ao Reflexo o Presidente da Junta das Taipas, Constantino Veiga, discorre, e muito, sobre práticas e procedimentos do início do seu mandato e também do mandato anterior, práticas que considera incorrectas.
Creio eu ser esta a primeira vez que alguém da actual Junta envolve o anterior Executivo num processo que se tornou do domínio público graças ao esclarecimento prestado em sessão da assembleia de freguesia.
Convidado a clarificar o caso, o arquitecto Constantino espraia-se em considerações e explicações incoerentes, pormenor que quanto a mim revela a sua conhecida e reconhecida falta de capacidade política.
Diz ele que no mandato passado e no início deste aconteceram procedimentos inadmissíveis no tratamento de assuntos e não só, procurando fugir à pergunta do jornalista sobre o alegado uso indevido de dinheiro dos contribuintes. Para o Constantino houve práticas erradas e pouco mais do que isso, coisa que se quer agora corrigir em nome, pasme-se, da avaliação das funcionárias.
Se a questão era processual, então em vez de encomendar aos advogados que apurem os factos e a verdade, como ele confessa ter sido decidido, a Junta devia ter chamado uma empresa de auditoria especializada que a ajudasse a rever o procedimento usual, as práticas implementadas, trocando-as por outras novas e mais conformes à gestão actual. Isto, claro, se a Junta se sentisse incapaz de resolver o problema pelos seus próprios meios. No domínio do simbólico, ao chamar o advogado a Junta disse o que pensa sobre o caso. O Constantino pode agora dizer o que mais lhe convier, mas as suas palavras não anulam nem desmentem a decisão tomada.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

POBREZA

Li, algures, que o úmero de pobres em Portugal está a aumentar e que a minha região figura entre as que mais pobres tem. Não fico nada contente.
Li, algures, que no Brasil, em Angola e na China se passa exactamente o inverso, ou seja o número de pobres está a diminuir. Fico contente.
E depois penso como o discurso sobre os direitos humanos é o tapete para debaixo do qual alguns despejam a sua má consciência social. E fico revoltado.

GUERRA

Não gosto de guerras e sou dos que acham que nenhuma delas tem uma justificação convincente. Logo, não gosto do que se está a passar entre a Geórgia e a Rússia com ossetas pelo meio.
Por isso assisto incrédulo aos críticos que falam de invasões de países soberanos e que negam o direito deste ou daquele povo a ser livre. Esquecem-se das bombas sobre Belgrado, da independência do Kosovo, da invasão da ilha de Granada, etc. e falam e tal como se nos armários das suas consciências não houvesse cadáveres.

terça-feira, 20 de maio de 2008

DITADURRA DA IMAGEM (2)

Sua Excelência o Presidente do Conselho, Engº José Sócrates, veio à televisão dizer que passou pelo banco de urgência de um hospital público do Porto, mas para estarmos descansados que é só uma gripezita. Quando lhe devassarem a vida privada que não se queixe.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

DITADURA DA IMAGEM

Esta vaga de governantes socialistas preza a imagem acima das ideias. É esse primado que explica a rápida e pronta aparição do 1º- ministro na sequência da bronca do cigarro durante a a viagem para a Venezuela. Os assessores de imagem de Sócrates entenderam que isso beliscava a imagem positiva e optimista que ele tenta fazer passar e por isso aconselharam o pronto pedido de desculpas públicas. O seu silêncio sobre a revisão em baixa do crescimento da economia portuguesa para 2008 também se enquadra dentro do que lhe devem ter aconselhado: só dar boas notícias. Isso explica que a má notícia tenha sido divulgada quando estava fora e por um seu ministro. Não convinha que ele ficasse associado a algo de negativo. Assim se faz a nova política de esquerda.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

A GESTÃO DE EXPECTATIVAS DO ELEITORADO

Afinal, não foi preciso esperar muito para sabermos que continuamos a divergir da UE quanto ao crescimento económico. Sócrates, lampeiro, aproveitou a desaceleração deles para reclamar a aproximação, porque, subentendia-se, a nossa economia desacelerava menos que a dos outros. Pura ilusão, veio de lá o INE e confirma o óbvio: vamos crescer menos do que o esperado e vamos desacelerar mais do que os outros. Não estamos a recuar, estamos a avançar de costas.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

MAUS EM PLANEAMENTO

Somos um país rico, razão porque desperdiçamos recursos escassos.
Uma das causas do desperdício dos dinheiros públicos reside num planeamento deficiente das obras públicas. Construimos o aeroporto de Lisboa e só agora, muitos anos depois, levamos o metro até ele. Quando tudo parecia articulado, começamos a pensar levar o aeroporto para outro lado.
Durante muitos anos, os comboios foram até à estação de Santa Apolónia, em Lisboa e o metro ficava pelos Restauradores. Gastamos milhões e milhões de euros em obra gigantesca para levar o metro a passar junto de Santa Apolónia e agora querem mudar a estação ferroviária para outro sítio. Somos fracos em planeamento, está visto.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

MAOMÉ E A MONTANHA

José Sócrates ao perceber que não conseguia colocar Portugal ao nível dos parceiros da UE quanto ao crescimento económico, resolveu, e bem, obrigar os outros a perderem velocidade e a porem-se ao nosso nível. E assim estamos mais perto da convergência.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

BANCARROTA

Era o verão quente. Vasco Gonçalves era primeiro-ministro. Uma representação do FMI veio a Portugal avaliar a situação da economia e pariu um relatório no qual propunha ao Banco de Portugal a venda de ouro para equilibrar as finanças públicas. Caiu literalmente o Carmo e a Trindade, com muitos a anunciar a bancarrota que não houve e a chorar pelo nosso rico ourinho.
Diz o "Expresso" de 23 de Fevereiro de 2008 que "entre 2002 e 2006, o Banco de Portugal alienou ouro que se fosse hoje renderia mais 1800 milhões de euros" Foram 225 toneladas que Vítor Constâncio, economista de enorme competência, vendeu e ninguém lhe chama louco, e ninguém escreve nos jornais dizendo que o país está à beira da bancarrota e ninguém chora pelo ourinho que se foi. Ha coisas que só são más se são os outros a fazê-las.

terça-feira, 8 de abril de 2008

AS ÁRVORES E OS FRUTOS

De acordo com dados muito frescos, 66% das mulheres e homens que beneficiam do Rendimento Social de Inserção trabalham e ganham um salário. São gente cujo salário não chega para sustentar o agregado familiar. Na contabilidade do PS constam na conta "danos colaterais".

quarta-feira, 2 de abril de 2008

DESIGUALDADES

No ano que passou a taxa efectiva de irc paga pelos bancos foi de 13,6%, bastante menos do que pagam a indústria e o comércio e serviços , 20%. Também por aqui se vê o país desigual que somos - generoso para poucos, somítico para a maioria. O Governo olha para o lado e deixa andar: os amigos são para as ocasiões.

terça-feira, 1 de abril de 2008

INE

Finalmente, o Instituto Nacional de Estatística divulgou os resultados do inquérito às despesas das famílias, relativo ao ano de 2005. Digo finalmente, porque a divulgação já devia ter sido feita d acordo com as regras estabelecidas. Mas vale mais tarde do que nunca e agora já não é segredo para ninguém o facto de a taxa de inflação que nos têm impingido - e serve de bitola para muita coisa, desde aumentos salariais às pensões de reforma - estar completamente desfasada. Obviamente, alguém ganhou e muitos perderam com este atraso. Perderam os de sempre e ganharam os do costume.

100.000 ou 20.000?

No seu blogue "Causa Nossa" Vital Moreira pretende gracejar sobre o abaixo-assinado dos professores, tentando ridicularizar o facto de apenas ser assinado por 20.000 deles, quando na sua marcha da indignação participaram 100.000. VM, que se tem esmerado como teórico do socratismo, brinca com coisas sérias com o ar mais ingénuo deste mundo. E ele não é ingénuo. Por isso talvez seja de lhe responder à letra dizendo que os 20.000 que abaixo assinaram o tal documento foram os que não puderam participar na marcha por terem ficado retidos na auto-estrada pela zelosa brigada de trânsito...

Enganos

Resolvi começar no dia um de Abril, dito dia dos enganos ou das mentiras, podendo ter começado noutro dia qualquer. Mas este é tão bom com qualquer outro, por isso aqui estou sem máscara, capa, anonimato. Tal e qual julgo ser e como julgo ser visto.