quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

DISCURSO DO AVESSO

2009 vai ser um ano muito difícil.
À medida que os dias vão passando vai crescer a percepção de que a crise financeira e económica é mais profunda, intensa e duradoura do que à primeira vista parecia. Pior, cada dia que passa cresce a noção de que a crise anda em roda livre e não há meios nem mecanismos para a controlar. Nem à escala de cada país, nem à escala internacional.
Tal como há níveis diferentes de desenvolvimento entre os países, também as crises nacionais assumirão graus e características distintas, sendo mais graves e de consequências mais devastadoras nuns do que noutros. E também é justo dizer que há países que, por não estarem completamente integrados na etapa do capitalismo financeiro, estão a aguentar o embate melhor do que os países completamente submetidos a essa mesma lógica. Na África, na Ásia, na América do Sul e na Oceania.
A situação tornar-se-à ainda mais explosiva à medida que o desemprego disparar e os desempregados se aperceberem que encontrar novo emprego vai ser difícil.
Se a estes dois factores se somar a falência da segurança social, por perda de contribuições e por aumento dos subsídios, e a ruptura do pagamento de pensões de reforma indexadas a fundos e afins, então os países que hipotecaram as suas economias à lógica saída de Bretton Woods, em especial a Europa e Portugal, podem conhecer convulsões sociais de magnitude impossível de avaliar.
Urge fazer o trabalho de casa, prevendo soluções para os cenários mais pessimistas e falar verdade para que cada português se prepare para o pior e não seja apanhado desprevenido. Exactamente o oposto do discurso oficial.

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