quinta-feira, 13 de novembro de 2008

A VIAGEM DO PS PARA O NEOLIBERALISMO

No reflexodigital leio que os professores do agrupamento vertical das escolas das Taipas expressaram público desagrado por o modelo de avaliação que o Ministério da Educação impõe. Nem todos os professores do agrupamento são sindicalizados, muitos não estão filiados em sindicato nenhum e em termos partidários há militantes, simpatizantes e votantes de todos os partidos, novos na profissão e mais experientes, de muitas e variadas origens sociais e no entanto convergiram numa posição comum - a da rejeição do modelo, por burocrático, inútil e desperdiçador de tempo precisoso para ensinar. Ao recusar ver e ouvir esta gente, o ministério e o governo dão sinais inquietantes, porque criam o caldo de cultura onde medra o desalento e o desencanto. Desalento e desencanto que explicam a fuga para a reforma de um número crescente de professores cuja experiência se perde, em muitos casos a favor do ensino privado que os recebe de braços abertos e a preço barato.
Dois reitores de duas universidades públicas demitiram-se em nome do espartilho financeiro que estrangula a gestão, depois de 15 ex-reitores terem tomado pública posição contra os orçamentos exíguos dedicados às universidades. Mariano Gago, ministro do ensino superior, ameaça as universidades e acusa os reitores de maus gestores. Teve no acto dos dois demissionários uma resposta à altura do desaforo que proferiu. Resposta tanto mais digna e elevada porque acompanhada do anúncio imediato de nova candidatura, para que possam receber o apoio dos seus pares. Se forem reconduzidos, como tudo indica, ficarão numa posição reforçada e o ministro vai lamentar o que disse.
Dois casos, dois ministérios distintos, mas o mesmo governo e uma só política - autismo, fuga ao diálogo, favor ao ensino privado.

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