sexta-feira, 16 de outubro de 2009

ELEITOS E ELEITORES

Esperei para dar tempo aos politólogos, comentadores certificados e quejandos de se pronunciarem sobre a renúncia de um deputado, meia hora depois de ter tomado posse.

Esperei para saber o que pensam os que periodicamente filosofam sobre a necessidade de rever as leis eleitorais para, alegam, melhorar a ligação entre eleitos e eleitores. Esperei para ver se eles zurziam na atitude do tal deputado, cabeça de lista por Braga, que nem chegou a aquecer o lugar, frustrando os eleitores que nele terão votado para os representar. Mas esperei em vão.

O que demonstra como as teses que alinham ciclicamente sobre a mudança das leis tem outros objectivos que não a aproximação entre eleitos e eleitores.

Qualquer dia eles voltarão ao ataque. Como se o caso Deus Pinheiro não tivesse existido. Rasgando as vestes de virgens ofendidas por alguém que os confronte com a sua incoerência.

MAIS DO QUE FORMALIDADE?

O secretário-geral do Partido Socialista fez uma ronda pelos partidos com representação parlamentar depois de ter sido indigitado para formar governo.

Foi uma auscultação, segundo explicou, mais para ouvir do que para falar.

Registe-se e aplauda-se a iniciativa, fazendo votos para que dê frutos. Não quanto à formação de governo, porque sobre isso se dúvidas havia já se dissiparam: o PS vai governar sozinho.

Governar sozinho não é nenhum drama. Se a s diversas respostas e a conclusão extraída por Sócrates forem sinceras, só as políticas de direita não podem contar com os votos favoráveis da esquerda,.

Moral da história: o PS tem uma oportunidade de desmentir os que o acusam de não ser de esquerda, mas os partidos de esquerda são chamados a provar que o PS pertence à família.

HÁ 10 ANOS

Há 10 anos, viaja eu de carro com amigos para um jantar no Vítor, de Vila de Rei, um outro amigo que noutro carro viajava para o mesmo restaurante telefonou-me e disse: morreu o Luís Sá. Ouvi agora no rádio, acrescentou.
Fiquei aturdido. Nem sei se não compreendi porque dentro do carro viajava uma alegre, descontraída e banal conversa, ou se a realidade era tão incompreensível que me custava admitir a verdade. Mais tarde, chegado ao restaurante, a realidade impôs-se. Um terceiro comensal também ouvira a má notícia.
Hoje, 10 anos depois, lembro aquele homem bom, aquele camarada vertical com quem muitas vezes falei sobre o Poder Local e outras coisas, aquele cidadão íntegro dilacerado pelo que então se vivia dentro do nosso partido comum e que o deixavam triste. A noite ficou estragada, apesar do conforto dos amigos de repasto e treta.
Até um dia, Luís.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

OS AMIGOS CERTOS

Um ditado latino diz que é nas horas incertas que se conhecem os amigos certos.
Nas horas que se seguiram ao conhecimento dos resultados eleitorais de Caldelas, cuja lista à freguesia encabecei com honra, recebi mensagens e telefonemas de amigos e pessoas anónimas que me endereçaram a sua solidariedade e me transmitiram opiniões abonatórias, algumas das quais não sei se mereço.
Paralelamente leio artigos de opinião onde alguns me dão por arrumado. Politicamente falando, claro.
Compreendo as manifestações sinceras e as hipócritas e os desejos disfarçados de opinião. É o preço que paga quem agrada e quem incomoda. Pior seria a indiferença. As derrotas e as vitórias deixam sempre marcas. Umas más outras boas. No meu caso, ambas servem para me acicatar o ânimo e prosseguir no caminho de um futuro melhor, porque mais fraterno e mais humano.