segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

O MERCADO

Numa estação televisiva oiço e vejo um grupo de economistas a debitar sobre a crise.
Não é apenas um grupo de economistas de dentre muitos outros economistas que pensam de modo diverso deste grupo selecto.
Silêncio! É o Mercado a falar.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

GREGO ME CONFESSO

Reagindo à situação financeira da Grécia, o euro perdeu em relação ao dólar americano e ao yen chinês. Boas notícias para Portugal, especialmente para as empresas exportadoras.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

ELEITOS E ELEITORES

Esperei para dar tempo aos politólogos, comentadores certificados e quejandos de se pronunciarem sobre a renúncia de um deputado, meia hora depois de ter tomado posse.

Esperei para saber o que pensam os que periodicamente filosofam sobre a necessidade de rever as leis eleitorais para, alegam, melhorar a ligação entre eleitos e eleitores. Esperei para ver se eles zurziam na atitude do tal deputado, cabeça de lista por Braga, que nem chegou a aquecer o lugar, frustrando os eleitores que nele terão votado para os representar. Mas esperei em vão.

O que demonstra como as teses que alinham ciclicamente sobre a mudança das leis tem outros objectivos que não a aproximação entre eleitos e eleitores.

Qualquer dia eles voltarão ao ataque. Como se o caso Deus Pinheiro não tivesse existido. Rasgando as vestes de virgens ofendidas por alguém que os confronte com a sua incoerência.

MAIS DO QUE FORMALIDADE?

O secretário-geral do Partido Socialista fez uma ronda pelos partidos com representação parlamentar depois de ter sido indigitado para formar governo.

Foi uma auscultação, segundo explicou, mais para ouvir do que para falar.

Registe-se e aplauda-se a iniciativa, fazendo votos para que dê frutos. Não quanto à formação de governo, porque sobre isso se dúvidas havia já se dissiparam: o PS vai governar sozinho.

Governar sozinho não é nenhum drama. Se a s diversas respostas e a conclusão extraída por Sócrates forem sinceras, só as políticas de direita não podem contar com os votos favoráveis da esquerda,.

Moral da história: o PS tem uma oportunidade de desmentir os que o acusam de não ser de esquerda, mas os partidos de esquerda são chamados a provar que o PS pertence à família.

HÁ 10 ANOS

Há 10 anos, viaja eu de carro com amigos para um jantar no Vítor, de Vila de Rei, um outro amigo que noutro carro viajava para o mesmo restaurante telefonou-me e disse: morreu o Luís Sá. Ouvi agora no rádio, acrescentou.
Fiquei aturdido. Nem sei se não compreendi porque dentro do carro viajava uma alegre, descontraída e banal conversa, ou se a realidade era tão incompreensível que me custava admitir a verdade. Mais tarde, chegado ao restaurante, a realidade impôs-se. Um terceiro comensal também ouvira a má notícia.
Hoje, 10 anos depois, lembro aquele homem bom, aquele camarada vertical com quem muitas vezes falei sobre o Poder Local e outras coisas, aquele cidadão íntegro dilacerado pelo que então se vivia dentro do nosso partido comum e que o deixavam triste. A noite ficou estragada, apesar do conforto dos amigos de repasto e treta.
Até um dia, Luís.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

OS AMIGOS CERTOS

Um ditado latino diz que é nas horas incertas que se conhecem os amigos certos.
Nas horas que se seguiram ao conhecimento dos resultados eleitorais de Caldelas, cuja lista à freguesia encabecei com honra, recebi mensagens e telefonemas de amigos e pessoas anónimas que me endereçaram a sua solidariedade e me transmitiram opiniões abonatórias, algumas das quais não sei se mereço.
Paralelamente leio artigos de opinião onde alguns me dão por arrumado. Politicamente falando, claro.
Compreendo as manifestações sinceras e as hipócritas e os desejos disfarçados de opinião. É o preço que paga quem agrada e quem incomoda. Pior seria a indiferença. As derrotas e as vitórias deixam sempre marcas. Umas más outras boas. No meu caso, ambas servem para me acicatar o ânimo e prosseguir no caminho de um futuro melhor, porque mais fraterno e mais humano.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

PROIBIRAM O TELEJORNAL

Ouvi dizer que o telejornal das sextas à noite foi proibido por quem de direito. Oiço e pensei que falavam da Venezuela. Mais uma do Chavez, disse a mim mesmo.
Alguém me disse que afinal não foi na Venezuela e também não foi Chavez nenhum e eu que já tinha preparado a denúncia de mais este atropelo à democracia chavista fiquei sem argumentos. Mudo, à espera que a manobra passe sem muitos danos. Porque estamos em tempo de eleições e eu não quero ajudar o PSD.

terça-feira, 21 de julho de 2009

DOMINGOS RIBEIRO

Conheci o Domingos Ribeiro antes do 25 de Abril de 74, no acaso da resistência ao fascismo, algures nas reuniões da então Oposição Democrática do Distrito de Braga.

Era um homem dado a discussões, às vezes truculentas, sobretudo quando o interlocutor rebatia as suas declarações. Mas era um homem leal.

Mais tarde fui-me cruzando com ele nas reuniões públicas da Câmara, onde ele marcava sempre presença acompanhando os seus correligionários e os adversários, atento aos problemas da terra que amava sinceramente.

Depois tive-o a meu lado na Vereação, na Câmara presidida por António Xavier/PSD e confirmei o mesmo voluntarismo, a mesma paixão por Guimarães e uma dedicação sem limites à causa da cidade. Superava em esforço as menores habilitações académicas ou profissionais e nunca se inibiu de intervir, para gáudio de alguns dos que lhe apontavam as palavras deformadas que usava, ou as figuras de estilo a que recorria Tudo nele era natural e sem complexos.

Perdida a Câmara para o PS, o Domingos Rabiços, como carinhosamente era conhecido, rumou a Esposende, servindo o seu partido. Fomos-nos vendo espaçadamente.

Quando nos encontrávamos não trocávamos palavras de circunstância: entre nós germinou uma amizade sólida e sincera, assente no respeito mútuo e no amor comum à nossa terra.

O Sr. Domingos Rabiços deixou-nos. Até logo, Sr. Domingos.

terça-feira, 9 de junho de 2009

VISITA AO PRD

Vocês lembram-se do Partido Renovador Democrático (PRD)? E ainda se lembram de como ele obteve um surpreendente resultado eleitoral (18%) na primeira vez que se apresentou ao eleitorado?
Também então se disse e escreveu que o PCP tinha sido ultrapassado, com alguns analistas a anunciarem a morte da CDU. Então, como nestas eleições, o balão PRD inchou à custa de eleitores descontentes do PS e, diziam os sábios de turno, os comunistas não sobreviveriam à capacidade de atracção dos renovadores democráticos.
Também nas eleições de domingo passado o BE ganhou eleitores ao PS, tal como a CDU aliás, sendo que esta não perdeu nem para o BE nem para nenhum concorrente à sua esquerda ou à direita, como a subida de 70.000 votos (ou de 2.000 na versão concelhia) confirmam. A conclusão a tirar é que CDU e BE capitalizaram os eleitores de esquerda do PS, o que representa um salto qualitativo dentro do campo da esquerda.
É verdade que nesse processo de transferência de votos à esquerda o BE foi mais atractivo, seduziu mais a esquerda socialista do que a CDU. Nada de novo: já no tempo do PRD o PCP se declarava insuficiente para acolher todos os descontentes de esquerda do PS. Sem dramas e com muita clarividência política. Então como agora continuamos a trabalhar e a lutar para que seja possível uma política de esquerda em Portugal. E isso é o que verdadeiramente dói aos que farisaicamente se dizem preocupados com o PCP por causa da ultrapassagem eleitoral do BE.

A QUESTÃO DO LUGAR

Desde a noite das eleições que me chamam a atenção para o facto de a CDU ter descido um lugar na tabela eleitoral, passando de terceira para quarta força a nível nacional. É facto desagradável mas não preocupante e sobretudo sem relevância para a análise sociológica dos resultados.
Desagradável, porque anima mais estar nos lugares de cima do que nos lugares debaixo. Não preocupante, porque consciente de que os partidos ou coligações que concorrem com o PCP ou a CDU são de natureza e identidade bem diferentes da nossa, são partidos que existem e funcionam em função das eleições e para as eleições, são, passe o exemplo, sprinters enquanto nós somos corredores de maratona e quem corre a maratona sabe que mais importante do que uma boa corrida inicial é aguentar e chegar aos últimos metros com forças para disputar a meta.
Para a análise sociológica do voto, o que interessa é mais o peso relativo das grandes famílias e menos a posição dos componentes dessas famílias no seu interior. Recorrendo à divisão clássica esquerda/direita, o que interessa é saber quem se sobrepõe e não tanto como se sobrepõe.
Olhando para os resultados de domingo passado, vemos que a esquerda continua a ser maioritária no plano sociológico, o que significa não ter havido fuga de eleitores de um campo para o outro, quando se comparam as europeias de 2004 com as de 2009.
Se soubermos ser pacientes e perseverantes, temos um vasto campo eleitoral a conquistar. Eleitor a eleitor.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

VERMELHO, VERMELHÃO

Anos depois de muitas eleições e mortes anunciadas, o vermelho voltou ao Alentejo, para tirar o sono a "comentadores", "politólogos" e afins. Ser firme, coerente e ter princípios, compensa. A trafulhice pode vingar por algum tempo, mas não engana o tempo todo.

NO RESCALDO DAS EUROPEIAS

Caiu o pano sobre estas eleições. Subiu o pano das eleições que se seguem, as legislativas e as autárquicas. A CDU viu cumpridos os seus grandes objectivos eleitorais, porque a política de direita praticada cá e defendida na Europa pelo PS foi severamente punida nas urnas, com a CDU a subir e a afirmar-se. Será Poder quando o seu peso eleitoral a tornar incontornável. Será Poder quando os eleitores quiserem e não pela "generosidade" de qualquer força partidária.
Nas urnas os eleitores projectaram o protesto das muitas lutas que se travaram contra as ditas reformas do PS.
Com estes resultados, PS+PSD vão "trabalhar" juntos no sentido de criar as condições legais para aquilo que chamam de governabilidade. Isto é, vão fabricar leis que distorçam a democracia mas lhes permitam ser governo blindado ao protesto social e político.
Porque motivos não faltam, a luta não vai de férias.

terça-feira, 2 de junho de 2009

OS MUITO EUROPEUS

Todos estão lembrados da declaração temerária do cabeça de lista do PS às europeias, afirmando-se defensor de uma campanha eleitoral que privilegiasse os temas europeus, como contraponto às declarações do cabeça de lista do PSD que mostrou vontade de não deixar de fora as questões nacionais.
Uma semana de campanha mostra que o cabeça de lista quase só fala do caso BPN, com o que quer claramente manchar o PSD e a suas destacadas figuras que transitaram por o dito banco.
Uma semana de campanha bastou para mostrar a estatura política do cabeça de lista do PS. O velho intelectual de esquerda está perfeitamente adaptado à filosofia, aos métodos e às práticas do oportunismo. O seu presente desmente o seu passado. É outro.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

EMPATADOS

Como era preciso conter os estragos do caso freeport, os mágicos de serviço mandaram sair da lâmpada o caso bpn. Estragos com estragos se pagam e o que aos magos de ambos interessa acima de tudo é entreter o pagode para ele não perceber os truques de ilusionismo e cair na esparrela eleitoral. Até um dia.

terça-feira, 26 de maio de 2009

NUCLEAR

Na Coreia do Norte brinca-se com o nuclear. E se fossem brincar com a coisinha deles, não seria mais gostoso e menos perigoso?

segunda-feira, 25 de maio de 2009

REQUERIMENTO

De Rui Hermenegildo, retirei esta preciosidade que lembra o saudoso O'Neil. Concorde-se ou não com o requerimento, merece destaque:


Requerimento a Fernanda


Ó Fernanda, dado
que já estou cansado
do ar teatral
a que ele equivale
em todo o horário
de cada canal,
no noticiário,
no telejornal,
ligando-se ao povo,
do qual ele se afasta,
gastando de novo
a fala já gasta
e a pôr agastado
quem muito se agasta
por ser enganado.
Ó Fernanda, dado
que é tempo de basta,
que já estou cansado
do excesso de carga,
do excesso de banda,
da banda que é larga,
da gente que é branda,
da frase que é ópio,
do estilo que é próprio
para a propaganda,
da falta de estudo,
do tudo que é zero,
dos logros a esmo
e do exagero
que o nega a si mesmo,
do acto que é baço,
do sério que é escasso,
mantendo a mentira,
mantendo a vaidade,
negando a verdade,
que sempre enjoou,
nas pedras que atira,
mas sem que refira
o caos que criou.
Ó Fernanda, dado
que já estou cansado,
que falta paciência,
por ter suportado
em exagerado
o que é aparência.
Ó Fernanda, dado
que já estou cansado,
ao fim e ao cabo,
das farsas que ele faz,
a querer que o diabo
me leve o que ele traz,
ele que é um amigo
de Sao Satanás,
entenda o que eu digo:
Eu já estou cansado!
Sem aviso prévio,
ó Fernanda, prive-o
de ser contestado!
Retire-o do Estado!
Torne-o bem privado!
Ó Fernanda, leve-o!
Traga-nos alívio!
Tenha-o só num pátio
para o seu convívio!
Ó Fernanda, trate-o!
Ó Fernanda, amanse-o!
Ó Fernanda, ate-o!
Ó Fernanda, canse-o!

AZIA E MAU PERDER

Vou lendo e ouvindo os que durante meses, anos mesmo, deram por adquirido que o PS ganharia as eleições, todas as eleições deste ano, com uma perna às costas. A única concessão que admitiam era a grandeza da maioria, se relativa, se absoluta.
O PS criou as condições necessárias para concretizar esse objectivo eleitoral. Tinha uma maioria sólida na Assembleia da República, atenta e vigilante às ousadias deste ou daquele deputado mais rebelde, como ficou claro no acompanhamento do caso Alegre. Tinha o acordo do grande capital, como as recentes declarações do tio Belmiro evidenciaram. E na Presidência da República tinha um aliado, alguém que partilha dos mesmos ou idênticos valores e projectos capitalistas.
Subavaliou o PCP que não se deixou envolver, que recusou alinhar nos temas fracturantes que outros agarram e protagonizam, concentrando as suas energias, capacidades e experiências de vida nas lutas, primeiro pequenas, depois maiores, com que ofereceu resistência à fúria de restauração de privilégios de classe e às teses da inevitabilidade, que até na assembleia municipal de Guimarães foram defendidas como coisa boa.
Agora, quando a realidade tende a desmentir as teorias, as estratégias, os cenários construídos pelos laboratórios políticos e difundidos acriticamente pelos "jornalistas e comentadores amigos" repartidos "por acaso" pelos jornais, rádios e tvs, estala o verniz e começam a falar no pós-eleições, acusando o PCP, antecipadamente e sem o mais leve indício, de estar a abrir a porta ao PSD e à direita.
A contragosto confessam várias coisas: que o morto não está morto, está vivo, recomenda-se e é de facto a única força política com propostas e estratégias opostas às de direita; e que a aposta no BE não é suficiente para neutralizar a forte identificação do PCP com o povo que trabalha ou trabalhou.
Confessam que a promoção do BE não dá os resultados esperados, mas não confessam o que mais lhes custa: que este PCP está vivo e enraizado na sociedade não domesticada, nas classes que sofrem os desmandos e desvarios do capitalismo na sua versão neoliberal ou da terceira via do socialista Tony Blair.
O PCP luta e resiste para que as políticas de direita não passem nem vinguem. Sejam elas lideradas pelo PS, pelo PSD ou por ambos. Aos que se apressam a responsabilizar o PCP por eventual vitória do PSD, é justo perguntar o que têm feito, dito ou escrito contra as políticas de direita praticadas pelo PS, que em boa verdade justificam sempre, indiferentes ao sofrimento e aos protestos das vítimas. São esses em primeira linha os responsáveis por a pequena e média burguesia fugir do PS e se refugiar no PSD, cujas reais diferenças não valorizam. Quando o consumidor não distingue facilmente dois produtos similares, compra indiferentemente ora um ora outro.
Nós trabalhamos para que chegue o dia em que os insubmissos, os que não se conformam, saibam distinguir o trigo do joio e o PCP seja reconhecido eleitoralmente como merece. Por mim, não é igual um governo socialista ou um governo social-democrata. Mas também me é indiferente se a política de direita é protagonizado por um ou por outro. Estarei na trincheira de luta por uma política de esquerda. Antes das eleições e depois das eleições.

OS COMÍCIOS ESTÃO VERDES

Reflectindo sobre a marcha dos 85 mil que a comunicação social dita de referência e os opinion makers encartados fingem não ver ou desvalorizam no seu profundo significado político e sociológico, dou por a mim a pensar no que disse Dona Manuel Ferreira Leite sobre comícios e concluo que não são os comícios que estão fora de moda, é o PSD que não é capaz de os organizar.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

CONTRADIÇÕES

Há dias, acompanhando Jerónimo de Sousa na itinerância por algumas vilas do concelho, fui abordado por um cidadão sobre a proposta que o secretário-geral do PCP fez de aumento dos salários como uma das soluções para a crise actual.
Esse cidadão argumentava que estando a generalidade das empresas mal financeiramente, principalmente as micro, pequenas e médias, reivindicar aumentos salariais seria enterrá-las mais, criando mais desemprego, o que, assim visto, contradiria a preocupação com este flagelo e agravaria o problema em vez de o resolver, como era dito.
A questão é pertinente.
Para as empresas, o salário é um custo. Logo, o aumento deste custo é analisado como outros aumentos, isto é como algo a evitar.
Mas o salário também é factor impulsionador da procura. Logo, o aumento dos salários aumenta o poder de compra e estimula as vendas, isto é uma vantagem económica e social a não desperdiçar.
Ou seja, existe uma contradição. Contradição que se resolve politicamente, fora do quadro das empresas.
A proposta do PCP é política, realista e realizável.

O MENTIROSO E O COXO

No rescaldo dos tristes e reprováveis acontecimentos do 1º de Maio da CGTP em Lisboa, o PS e o seu cabeça de lista às europeias, foram lampeiros em acusar o PCP, agarrando-se a um insulto como prova cabal e indiscutível da acusação. Como se só os militantes do PCP tivessem razões para assim chamar ao professor doutor Vital Moreira. Como se, havendo entre os insultadores militantes comunistas, isso fosse o bastante para envolver o PCP enquanto partido.
Vários comentadores "independentes" prestaram-se ao papel de ampliar a calúnia, insistindo na operação de aproveitamento político por parte do PS.
Pois bem, agora, a propósito do processo de averiguações de que foi alvo um magistrado que envolve o caso Freeport, onde se detectaram fortes indícios que justificam o processo disciplinar, o mesmíssimo PS já não vê motivos para se pronunciar, reservando-se o direito de o fazer em data posterior. E quanto a mim esta posição é a correcta, a que foi incorrecta foi a posição adoptada no 1º de Maio. Mas o oportunismo político falou mais alto e o PS e outros quiseram "malhar" no PCP, mandando à fava a coerência, os princípios e os valores da esquerda.
Quanto aos tais comentadores "independentes" o seu silêncio é esclarecedor.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

MAIS 38%

Dizem os indicadores que o número de desempregados inscritos nos centros de emprego que não recebem subsídio aumentou.
A nossa região é das que mais desemprego regista, deixando perceber os terríveis dramas vividos por famílias total ou parcialmente afectadas e a quem além de faltar o dinheiro faltará em muitos casos, senão em todos, outro tipo de apoios.
As coisas estão tão negras e evidentes que até o primeiro-ministro se sentiu na necessidade de declarar que o desemprego lhe afecta o sono. Talvez a insónia o diminua na capacidade de perceber a importância das propostas do PCP para minorar efectivamente o sofrimento dos desempregados sem subsídio.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

GUIMARÃES, CEC 2012

É uma muito boa notícia. Porque reconhece o esforço que há anos vem sendo feito na reabiltação urbana e na cultura em sentido lato.
Mas boa notícia também e sobretudo porque abre as portas a um salto qualitativo acelerado nas condições de vida e de bem-estar, se formos capazes de não desperdiçar a oportunidade em projectos supérfluos, efémeros.

terça-feira, 12 de maio de 2009

ABSOLVIDOS

O tribunal de Guimarães absolveu os sindicalistas acusados pelo Governo PS, mais exactamente pelo seu representante no distrito, de manifestação ilegal.

O PCP aínda não pediu desculpas.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

PRIMEIRO DE MAIO DE 2009

Os desacatos, empurrões, insultos e agressões físicas que aconteceram nas comemorações do primeiro de Maio da CGTP, são condenáveis no meu ponto de vista.
Os aproveitamentos políticos que deles se fizeram a "quente" e continuam a ser feitos a "frio" são vergonhosos e não há quem os condene? Já chegamos ao antigamente em que tudo o que mexia era obra do PCP? O desespero leva a reeditar o assalto à Rádio Renascença, à ocupação da Embaixada de Espanha e à tomada do jornal República, endossando as culpas ao PCP?
Eu, se fosse da Direcção do PCP, não insistia na exigência do pedido de desculpas. É tarde demais e o mal está espalhado.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

UMA JUNTA AO DEUS DARÁ

Alguns leitores meus chamaram-me a atenção para a conclusão que extraí da desorganização administrativa e também política em que esteve mergulhada a Junta de Freguesia das Taipas.
Quando deixei aqui o meu pensamento sobre o assunto, eu estava convencido que fui claro, mas concluo agora que talvez não tenha sido suficientemente esclarecedor.
Sendo facto incontroverso que os serviços estavam mal organizados, e que daí resultaram consequências não totalmente apuradas e públicas à data em que escrevi, não é menos correcto dizer que a responsabilidade pela desorganização não é exclusiva das funcionárias e muito menos o será só da senhora que os comentadores apontam. Eu diria que há dois níveis de responsabilidade: um técnico e outro político.
E vou mais longe: a responsabilidade atinge o mandato anterior. Pelo menos!
E só não vou ainda mais ao fundo da questão porque quero dizê-lo de viva voz na próxima reunião da assembleia, para a qual convido os meus simpáticos leitores. É dia 30/4, pelas 21h30, na sede da junta. Então ouvirão com pormenores o que realmente tenho para dizer nesta matéria e todas as dúvidas manifestadas por eles se dissiparão.

terça-feira, 7 de abril de 2009

O LADRÃO E A OCASIÃO

Há dias tive breve troca de palavras com o tesoureiro da Junta de Freguesia de Caldelas a propósito dos requerimentos que apresentei.
Foi um encontro curto, prenúncio de outros mais demorados sobre as matérias requeridas.
Apesar de rápido deixou-me mais preocupado do que descansado. A desorganização da Junta não é nova e nem será caso único no concelho, mas isso, que para alguns passa por atenuante dos factos ali cometidos ao longo dos últimos dois mandatos (no mínimo), levanta fundadas suspeitas sobre o aproveitamento que pode ter sido feito por quem se apercebeu da falta de controle.
Ainda é cedo para tirar conclusões definitivas e sustentadas, mas estou agora mais seguro que a Junta andava ao deus dará.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

UMA QUESTÃO DE DENTES E DE NOZES

No Taipas XXI leio que vai haver investimento de envergadura nos antigos banhos velhos. Se houver só podem pecar por tardios.
Quando estive como deputado na Assembleia da República propus que o Governo, na altura PS/Guterres, incluísse no mapa do investimento público a recuperação do edifício e do espaço envolvente, e fi-lo porque eu e o PCP compreendemos a importância estratégica e emblemática dos banhos velhos para o desenvolvimento da Vila de Taipas e do concelho. Nem o facto de a proposta ter então sido chumbada pelos mesmos que agora me dizem que a vão viabilizar me impede de dizer que pena é que tenhamos perdido tanto tempo e não tenham aproveitado o tempo perdido para uma proposta mais abrangente e mais ambiciosa: incluir a reabilitação dos banhos velhos no contexto de um programa de recuperação do parque, do parque de campismo e das piscinas, preparando as bases para transformar Taipas num pólo de turismo da natureza.
Ainda pela leitura do mesmo blogue fico a saber que a cooperativa municipal Turitermas apresentou contas negativas do ano de 2008. Desconheço em absoluto as causas e por isso não sei se o problema fica resolvido com a entrada de novos administradores ou se seria conveniente arrumar a casa e poupar na despesa em vez de a aumentar.
Sei que a cooperativa tem condições e tem património que lhe permitem ser a alavanca do progresso da Vila, mas que não as tem sabido aproveitar convenientemente. Tomaram outras freguesias e até a sede do conelho ter o que Taipas tem mas desperdiça!

COERÊNCIA

A propósito da visita do Ministro da Economia às Empresas Pizarro tenho lido e tenho ouvido coisas extraordinárias sob vários pontos de vista.

Desde os que procuram colar a visita a personalidades locais que apesar do muito que fizeram noutros domínios nada têm a ver com o assunto, aos que choram baba e ranho porque a visita teve um relevo na comunicação social que outra partidária não teve, até aos que revelam dor de cotovelo pelo apoio recebido e, na óptica deles, não justificado.

Na sessão pública, sublinho pública, do evento eu, falando pela administração, historiei, resumida mas claramente, o percurso que conduziu as Empresas ao ponto a que infelizmente chegaram. Esse documento foi entregue à comunicação social presente, razão pela qual não há justificação para laguns escreverem o que escreveram e outros ignorarem os fundamentos preferindo seguir por caminhos ínvios, talvez mais apelativos sob o ponto de vista jornalístico, mas seguramente mais distantes da verdade factual.
Apresentei um acto de reflexão sobre os passos que demos nos últimos anos, o que correu bem e o que correu menos bem. Não me escondi atrás de nenhum subterfúgio para não abordar os investimentos estratégicos que resultaram mal. Pusemos a nu as nossas fraquezas e erros e relevamos os efeitos da crise actual no desempenho da Pizarro. Finalmente, agradeci a todos a compreensão e os sacrifícios que lhes causamos. Dirigindo-me directamente aos Trabalhadores, muitos deles presentes, enalteci a sua vontade para em conjunto defendermos os postos de trabalho e pedi desculpas pelos salários em atraso. Gostaria de saber qual a empresa que teve semelhante gesto de humildade e de transparência, qual a organização ou qual o ministério que assumiu a sua quota parte de responsabilidades em vez de se esconder atrás da crise dos outros ou da crise internacional.

Alguns querem ver nisto uma incoerência entre o que digo e o que faço, entre mim e o partido onde milito. Podem continuar a procurar, mas talvez fosse melhor e mais simples lerem bem o que o PCP vem dizendo há muito tempo sobre a defesa do emprego e da produção nacional.
Mas como do PCP só conhecem a caricatura que outros fabricam, é perda de tempo esperar que reconheçam que estão errados. Eu, pelo contrário, sinto-me realizado.


O PCP defende o emprego e defende a primazia da produção nacional sobre as importações. Foi o que se fez na Pizarro. Hoje, dia 3 de Abril, os salários de Março estão nas contas dos Trabalhadores. Por tudo, sinto-me tranquilo.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

DEFESA DO EMPREGO

Nos últimos tempos tenho tentado por em prática algumas ideias sobre como defender o emprego numa indústria a braços com problemas de vária ordem.

Obviamente, gostava que tal não tivesse acontecido. Mas tendo acontecido, virar as costas e recusar intervir, fosse a qu título fosse, seria aceitar ser cúmplice de mais uma onda de despedimentos.

Ao aceitar o desafio sabia que corria riscos de incompreensão. Desde logo, vindos das vítimas em potência, mesmo depois de lhes tentar fazer perceber a gravidade do momento. Depois, vindos de políticos de quem divirjo, ansiosos por descobrir no que fiz a contradição com o que penso e defendo.

Aos primeiros respondi chamando-os à razão: os trabalhadores são parte da solução e devem saber distinguir os casos duvidosos dos casos em que devido à conjugação negativa de circunstâncias se chegou a uma situação perigosa. Foi isso que lhes disse ilustrando com dados reais. No entanto compreendo aqueles que não confiaram no que eu disse. Porque no que eu disse viram mais o responsável da empresa do que o camarada, o amigo, o companheiro de trabalho.

Aos segundos respondo que ser comunista não é fechar os olhos à realidade, bem pelo contrário e que estar do lado dos trabalhadores não é incompatível com a busca de soluções para os problemas da empresa onde eles vendem a força de trabalho e de onde colhem o salário da sua subsistência.

Hoje nota-se na empresa um clima de esperança. Tudo farei para não desiludir quem confiou em mim. E foi uma larga maioria.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

O TAL RELATÓRIO DA OCDE

José Sócrates, o PS não se contiveram e falaram, falaram e falaram sobre as bem-aventuranças que um relatório da OCDE derrama sobre as ditas reformas da Educação.
Na esteira do primeiro-ministro alguns apóstolos fustigaram todos os que na comunicação social e na blogosfera se "esqueceram" de fazer coro com as louvações.
Esqueceram-se de pedir desculpa: é que não houve nem há relatório nenhum da OCDE sobre Educação recente. O que há e serviu de pretexto à ladainha oficial é um estudo encomendado e pago pelo Governo a uma empresa internacional. É preciso muita lata...

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

REFORMAS E FACTOR DE SUSTENTABILDADE

Pela comunicação social soube-se que os portugueses que este ano se reformem ou trabalham mais dois meses para não perderem o direito à reforma completa ou os magros euros a que têm direito depois de uma vida inteira de trabalho e de descontos são menos do que eram antes. É o efeito do chamado factor de sustentabilidade associado à esperança de vida introduzido no cálculo das pensões e reformas por este governo do PS. Quanto maior for a esperança de vida menor é a reforma ou mais se desconta.
Pela mesma comunicação social soube-se que um destacado dirigente nacional do PS que transitou da administração da Caixa Geral de Depósitos para a administração do Millennium foi promovido na CGD depois de a ter trocado pelo novo cargo. Logo se ouviu a indignação à qual alguém respondeu que tal anomalia só vai ter efeitos na reforma futura do ex-ministro e que além disso é de algumas, poucas, dezenas de euros por mês.
Moral da história: a uns, os de mais baixas reformas, tudo serve para cortar; a outros, os com reformas mais folgadas, às vezes escandalosas, tudo serve para as engordar.
Como se isto fosse coisa pouca, alguém mandou dizer que não se percebia o coro dos indignados porque em causa estavam cerca de 70 euros por mês. Esta gente não entende que a questão não é de quantidade mas de ética e de justiça social?

FOI ONTEM

Foi ontem que durante o debate quinzenal na Assembleia da República uma deputada confrontou o primeiro-ministro com o facto de um organismo tutelado pelo Ministério do Trabalho, o IEFP, submeter candidatos a uma prova baseada num discurso de José Sócrates.
Saindo em defesa do seu líder partidário e governamental o ministro Santos Silva sacou de documento comprovativo de que o CDS fez o mesmo ou parecido quando era ministro do Trabalho Bagão Félix.
A cena é uma repetição. Não é a primeira nem a segunda nem a terceira vez que o PS pretende defender-se da crítica e da argumentação alheia trazendo à liça casos perversos praticados ou pelo PSD ou CDS. Como se uma asneira se corrigisse com outra asneira. Como se fosse argumento aceitável cometer o mesmo erro que antes se criticou aos outros. Esta gente que se apoderou do PS não tem recuperação.