quarta-feira, 10 de março de 2010

COSTA MARTINS, CAPITÃO DE ABRIL

Quando morre um homem como o capitão Costa Martins - digo capitão intencionalmente, porque assim o conheci e assim fica na minha memória - além das palavras do costume ouvem-se outras já menos usuais que completam a informação ditada pelas circunstâncias.
O capitão Costa Martins foi um capitão de Abril, um dos que arriscou a vida pela liberdade e que depois prosseguiu a luta por uma sociedade mais justa, mais igualitária.
Foi Ministro do Trabalho e foi nessa condição que o conheci e com ele trabalhei. Com ele e com outros lutadores pelas causas sociais, como Carlos Carvalhas, Barros Moura, Sérgio Ribeiro, Eugénio Rosa e outros cujo nome não recordo. Nos idos de 1974 e 1975, o Ministério do Trabalho era a placa giratória por onde passavam milhares de pequenos e grandes problemas resultantes do evoluir da conjuntura revolucionária. Desde trabalhadores abandonados pelos patrões até pequenos empresários a quem o crédito tinha sido cortado por uma banca hostil ao processo revolucionário, de tudo entrava portas adentro na busca de solução, na busca de conforto, na busca de resposta concreta e rápida.
Mais tarde quiseram denegrir a sua imagem, inventando um processo sobre desvio do dinheiro entregue pelos trabalhadores no que ficou conhecido como "dia de salário para a Nação", mas os seus perseguidores não tiveram o sucesso que esperavam. Ele reagiu judicialmente contra a difamação e a justiça demonstrou que ele nunca se aproveitou do que não lhe pertencia, ao contrário de outros que não sendo o que ele foi, são o que ele não foi.
Morreu sem ver publicitado o desagravo, mas nem por isso a História deixará de lhe reservar o lugar a que ganhou direito pelo muito que fez pelo País. Obrigado, capitão. Até sempre!

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