quinta-feira, 30 de outubro de 2008

A PROCISSÃO AINDA NÃO CHEGOU AO ADRO

A crise sistémica do capitalismo tarda em chegar a Portugal, mas vai chegar. Refiro-me, obviamente, à crise da economia real e não à crise financeira, que essa já cá está entre nós.
Os próximos anos vão ser muito duros paras os mais desfavorecidos, os trabalhadores, os reformados, os pequenos e médios empresários. Sim, porque nesta como noutras crises anteriores há quem esteja bem e até a enriquecer à custa das dificuldades dos outros.
Fiel à sua estratégia para tentar reeditar a maioria absoluta obtida nas legislativas de 2005, o Governo PS/Sócrates mistifica a realidade insuflando na comunicação social e por ela na opinião pública doses cavalares de propaganda assente em estatísticas convenientes e espectáculos montados interpretados por figurantes pagos pelos contribuintes.
É o caso, por exemplo, das tão decantadas ajudas às PME's. Depois de uma primeira versão está a ser servida a segunda fornada e no entanto a esmagadora maioria das pequenas e médias empresas continua à espera, continua a definhar, continua a sangrar e a perder dinheiro. Umas são excluídas por não reunirem as irrealistas condições de acesso. Outras, onde se encontram até PME's líder, isto é empresas do topo e equilibradas, são beneficiadas e as suas candidaturas aprovadas, mas não recebem total ou parcialmente o subsídio porque a banca, que detém o exclusivo do processo, retém a parte correspondente às dívidas, sejam elas de funcionamento corrente sejam de financiamento.
Por isso eu sou dos que desconfio da bondade das ajudas à produção por intermédio dos bancos. Antes do mais eles vão resolver os seus próprios problemas indiferentes às consequências nas empresas e no emprego. Eles, os bancos, vão aproveitar a garantia do Estado, vão aproveitar o dinheiro dos contribuintes para limparem as suas contas, para sanearem os seus balanços e resolverem pelo menos parcialmente o crédito mal parado. Também por isso os próximos anos serão de mais injustiça social, de mais despedimentos, de mais miséria. Só uma mudança de política pode impedir que tal aconteça e essa mudança não pode assentar na força eleitoral dos partidos responsáveis pela política que desde há 30 anos limita voluntária e deliberadamente o crescimento da economia portuguesa, o PS, o PSD e o CDS.

Sem comentários: