terça-feira, 9 de junho de 2009

VISITA AO PRD

Vocês lembram-se do Partido Renovador Democrático (PRD)? E ainda se lembram de como ele obteve um surpreendente resultado eleitoral (18%) na primeira vez que se apresentou ao eleitorado?
Também então se disse e escreveu que o PCP tinha sido ultrapassado, com alguns analistas a anunciarem a morte da CDU. Então, como nestas eleições, o balão PRD inchou à custa de eleitores descontentes do PS e, diziam os sábios de turno, os comunistas não sobreviveriam à capacidade de atracção dos renovadores democráticos.
Também nas eleições de domingo passado o BE ganhou eleitores ao PS, tal como a CDU aliás, sendo que esta não perdeu nem para o BE nem para nenhum concorrente à sua esquerda ou à direita, como a subida de 70.000 votos (ou de 2.000 na versão concelhia) confirmam. A conclusão a tirar é que CDU e BE capitalizaram os eleitores de esquerda do PS, o que representa um salto qualitativo dentro do campo da esquerda.
É verdade que nesse processo de transferência de votos à esquerda o BE foi mais atractivo, seduziu mais a esquerda socialista do que a CDU. Nada de novo: já no tempo do PRD o PCP se declarava insuficiente para acolher todos os descontentes de esquerda do PS. Sem dramas e com muita clarividência política. Então como agora continuamos a trabalhar e a lutar para que seja possível uma política de esquerda em Portugal. E isso é o que verdadeiramente dói aos que farisaicamente se dizem preocupados com o PCP por causa da ultrapassagem eleitoral do BE.

A QUESTÃO DO LUGAR

Desde a noite das eleições que me chamam a atenção para o facto de a CDU ter descido um lugar na tabela eleitoral, passando de terceira para quarta força a nível nacional. É facto desagradável mas não preocupante e sobretudo sem relevância para a análise sociológica dos resultados.
Desagradável, porque anima mais estar nos lugares de cima do que nos lugares debaixo. Não preocupante, porque consciente de que os partidos ou coligações que concorrem com o PCP ou a CDU são de natureza e identidade bem diferentes da nossa, são partidos que existem e funcionam em função das eleições e para as eleições, são, passe o exemplo, sprinters enquanto nós somos corredores de maratona e quem corre a maratona sabe que mais importante do que uma boa corrida inicial é aguentar e chegar aos últimos metros com forças para disputar a meta.
Para a análise sociológica do voto, o que interessa é mais o peso relativo das grandes famílias e menos a posição dos componentes dessas famílias no seu interior. Recorrendo à divisão clássica esquerda/direita, o que interessa é saber quem se sobrepõe e não tanto como se sobrepõe.
Olhando para os resultados de domingo passado, vemos que a esquerda continua a ser maioritária no plano sociológico, o que significa não ter havido fuga de eleitores de um campo para o outro, quando se comparam as europeias de 2004 com as de 2009.
Se soubermos ser pacientes e perseverantes, temos um vasto campo eleitoral a conquistar. Eleitor a eleitor.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

VERMELHO, VERMELHÃO

Anos depois de muitas eleições e mortes anunciadas, o vermelho voltou ao Alentejo, para tirar o sono a "comentadores", "politólogos" e afins. Ser firme, coerente e ter princípios, compensa. A trafulhice pode vingar por algum tempo, mas não engana o tempo todo.

NO RESCALDO DAS EUROPEIAS

Caiu o pano sobre estas eleições. Subiu o pano das eleições que se seguem, as legislativas e as autárquicas. A CDU viu cumpridos os seus grandes objectivos eleitorais, porque a política de direita praticada cá e defendida na Europa pelo PS foi severamente punida nas urnas, com a CDU a subir e a afirmar-se. Será Poder quando o seu peso eleitoral a tornar incontornável. Será Poder quando os eleitores quiserem e não pela "generosidade" de qualquer força partidária.
Nas urnas os eleitores projectaram o protesto das muitas lutas que se travaram contra as ditas reformas do PS.
Com estes resultados, PS+PSD vão "trabalhar" juntos no sentido de criar as condições legais para aquilo que chamam de governabilidade. Isto é, vão fabricar leis que distorçam a democracia mas lhes permitam ser governo blindado ao protesto social e político.
Porque motivos não faltam, a luta não vai de férias.

terça-feira, 2 de junho de 2009

OS MUITO EUROPEUS

Todos estão lembrados da declaração temerária do cabeça de lista do PS às europeias, afirmando-se defensor de uma campanha eleitoral que privilegiasse os temas europeus, como contraponto às declarações do cabeça de lista do PSD que mostrou vontade de não deixar de fora as questões nacionais.
Uma semana de campanha mostra que o cabeça de lista quase só fala do caso BPN, com o que quer claramente manchar o PSD e a suas destacadas figuras que transitaram por o dito banco.
Uma semana de campanha bastou para mostrar a estatura política do cabeça de lista do PS. O velho intelectual de esquerda está perfeitamente adaptado à filosofia, aos métodos e às práticas do oportunismo. O seu presente desmente o seu passado. É outro.