terça-feira, 25 de novembro de 2008

O MAL E A CARAMUNHA

Discutia-se o facto de a Câmara não dar garantias de integrar os tarefeiros das escolas do primeiro e segundo ciclo nos quadros de pessoal, no processo de passagem da sua gestão para o domínio da autarquia.
Da bancada socialista ouvi o à parte de uma voz conhecida: e que queriam? não têm qualquer vínculo contratual!
Não era o advogado sindical que falava, era o convertido ao PS e isso eu percebo.
O que não percebo é como se pode defender que as vítimas sejam duplamente castigadas. Primeiro, porque ninguém é tarefeiro por gosto mas porque os governos nunca os quiseram integrar na administração pública. Segundo, porque permanecendo sem vínculo efecivo por culpa dos governos não têm direito a ser integrados.
Tanta insensibilidade com os dramas dos outros choca sempre. Mas choca mais quando vem de alguém que julgávamos sensível. Há coisas que nem a brincar se dizem.

INJUSTIÇA FISCAL

Espalhadas pelo território do concelho há mansões, algumas tipo Dallas, que pagam menos de imposto municipal sobre imóveis, vulgo IMI, do que certos apartamentos habitados pela classe média e localizados no centro da cidade, com os benefícios que isso proporciona. É injusto.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

EXPLICAÇÃO METODOLÓGICA DO VOTO

De acordo com alguns estudiosos do assunto, por exemplo Vital Moreira, há muito que os partidos socialistas da Europa se caracterizam por ser da Democracia Liberal, na esfera democrática, defensores do Capitalismo Regulado, na esfera da economia, e adeptos do Estado Social, na esfera social.


Sendo assim, há de facto só um ponto em que eu e o PS convergimos no plano dos princípios - o Estado Social.


É neste pequenino território que reside a razão para votar favoravelmente algumas das suas propostas para o concelho. Pouco, muito pouco como se vê.

TAXAS MUNICIPAIS

A Câmara Municipal de Guimarães tem uma estratégia de desenvolvimento que passa, entre outros projectos, pelo estímulo à cidade inteligente. Cidade, bem entendido, com o sentido abrangente de município.
Exemplos disso são o AvePark e o CampUrbis, previsto para a antiga zona do rio de Couros, para onde pretende captar cientistas, peritos em várias áreas do saber, pequenos ateliers de artistas e jovens intelectuais que terão à sua disposição pequenos espaços baratos e acessíveis, dotados de meios e de tecnologia de ponta.
Trata-se de uma inovação com alguns anos na Europa que não sendo, quanto a mim, a panaceia para os muitos problemas económicos e sociais que nos afectam, pode representar um salto qualitativo em ordem à diversificação do tecido empresarial dominante e condicionante e também pode significar a fixação de uma população com hábitos e necessidades diferenciadas que produza uma procura induzida de novos produtos, que crie novas oportunidades de negócio.
A ideia parece-me interessante e só não percebo por que é que a Câmara demora em adaptar as ferramentas de que dispõe - e não são tantas como isso - colocando-as ao serviço da sua estratégia.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

AVEPARK

Embora ainda longe do pleno, o Avepark está activo, com algumas das suas unidades em funcionamento. Dizem que várias dezenas de técnicos credenciados e investigadores aplicados desenvolvem estudos de que muito há a esperar num futuro que todos gostaríamos fosse breve. Não por meras, mas legítimas esperanças de recuperação dos milhões investidos, mas sobretudo pela área científica em análise e a sua ligação à vida, à saúde.

Enquanto os frutos dessa pesquisa tardam, seria interessante que alguém desenhasse o perfil humano do parque. Quem são os peritos, de onde vieram, qual a sua nacionalidade e habilitações académicas e profissionais, onde residem e que opinião já formaram sobre o local onde vieram parar.

Eu defensor do Avepark me confesso, mas gostaria de perceber em que medida ele se relaciona com o meio envolvente. E o que temos de realizar para a integração de gente tão qualificada no nosso seio.

CENTRO ESCOLAR DAS TAIPAS

A Câmara inseriu as obras de reconversão da Escola do Pinheiral em Centro Escolar das Taipas no seu plano de actividades para 2009. A obra está orçada em 1.325.000,00 euro e será executada em dois anos.
Não conheço o projecto e o que digo enferma dessa falha. Mas confesso que me suscita reservas pela localização. Na verdade, já hoje a escola está atrofiada pelos acessos e nada me permite pensar que no futuro será diferente, bem pelo contrário. A proximidade de um equipamento comercial movimentado não facilita o trânsito nem o estacionamento. Salvo se a Câmara achar alternativa a esse pandemónio, talvez valesse a pena equacionar outro local, construindo nova centralidade.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

A VIAGEM DO PS PARA O NEOLIBERALISMO

No reflexodigital leio que os professores do agrupamento vertical das escolas das Taipas expressaram público desagrado por o modelo de avaliação que o Ministério da Educação impõe. Nem todos os professores do agrupamento são sindicalizados, muitos não estão filiados em sindicato nenhum e em termos partidários há militantes, simpatizantes e votantes de todos os partidos, novos na profissão e mais experientes, de muitas e variadas origens sociais e no entanto convergiram numa posição comum - a da rejeição do modelo, por burocrático, inútil e desperdiçador de tempo precisoso para ensinar. Ao recusar ver e ouvir esta gente, o ministério e o governo dão sinais inquietantes, porque criam o caldo de cultura onde medra o desalento e o desencanto. Desalento e desencanto que explicam a fuga para a reforma de um número crescente de professores cuja experiência se perde, em muitos casos a favor do ensino privado que os recebe de braços abertos e a preço barato.
Dois reitores de duas universidades públicas demitiram-se em nome do espartilho financeiro que estrangula a gestão, depois de 15 ex-reitores terem tomado pública posição contra os orçamentos exíguos dedicados às universidades. Mariano Gago, ministro do ensino superior, ameaça as universidades e acusa os reitores de maus gestores. Teve no acto dos dois demissionários uma resposta à altura do desaforo que proferiu. Resposta tanto mais digna e elevada porque acompanhada do anúncio imediato de nova candidatura, para que possam receber o apoio dos seus pares. Se forem reconduzidos, como tudo indica, ficarão numa posição reforçada e o ministro vai lamentar o que disse.
Dois casos, dois ministérios distintos, mas o mesmo governo e uma só política - autismo, fuga ao diálogo, favor ao ensino privado.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

POEIRA NOS OLHOS

Na SicNotícias de ontem ouvi a simpática Dra. Maria de Belém equiparar a avaliação de professores com a hierarquia verificada nas universidades, com professores catedráticos e assistentes, estabelecendo o paralelo entre ambas as realidades a bem da avaliação de professores por professores.
Mas a comparação não serve. Na universidade o catedrático sobe na carreira pela via de exames feitos por outros catedráticos. No caso dos professores do ensino básico e secundário, eles são examinados por outros colegas que subiram administrativamente de escalão e não possuem qualquer habilitação específica para o efeito. Parecendo o mesmo não é a mesma coisa.

E DEPOIS DESTA CRISE?

A crise do sistema capitalista, na sua versão financeira, está a mostrar as máscaras de alguns actores sobretudo estrangeiros, mas também nacionais.
É o caso de Sarkozy, que se desdobra em iniciativas, cada qual a mais vistosa e ineficaz, que revelam uma sede de protagonismo tal que a UE, e em especial o seu presidente, Durão Barroso, foi remetida para segundo plano. Aliás, não é só Durão Barroso que é desconsiderado. Também a ideia de uma Europa coesa e unida está em causa, com cada estado membro a procurar resolver os seus problemas marimbando-se para os dos outros.
Entre nós também alguns foram ao baú de recordações buscar conceitos, ideias e palavras que tinham metido na gaveta. Caso de Mário Soares, por exemplo, antigo combatente pelo socialismo de rosto humano, ante-câmara do neoliberalismo que invadiu o PS atingindo os seus centros nevrálgicos, e de José Sócrates, que saindo da amnésia que o atacou, renasce como paladino de um capitalismo de rosto humano.
Numa coisa todos esses personagens convergem: é preciso mudar alguma coisa no capitalismo, para que o capitalismo sobreviva.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

ESCOLA DA CHARNECA

Não fui, porque não pude, ver o que se passa na Escola da Charneca, em particular o funcionamento do ATL. Porém, o que me chega pelo relato de pais de crianças, assusta-me se metade do que dizem for verdadeiro.
E eu não tenho motivos para pensar que os pais "pintam" o quadro a seu belo prazer. Nenhum pai gosta de dizer que o seu filho frequenta sítios pouco recomendáveis.
Leio em O Reflexo que há quem veja flores onde outros vêem esterco. Sendo o direito à opinião livre e sendo o direito ao disparate ainda mais livre, como se prova pelos recentíssimos acontecimentos na Madeira, julgo que não se pode fechar os olhos à realidade recorrendo a flores ou a figuras de estilo. Chamar espaço polivalente ao lugar onde as crianças brincam e comem, é fantasia de mau gosto. Resumir as necessidades da escola a peças de mobiliário é cegueira partidária.

A ironia de algumas declarações é uma ofensa para os pais, auxiliares, professores e acima de tudo para as crianças. Um nojo, portanto.