quarta-feira, 27 de agosto de 2008

CAUCASO

Quando os EUA e a Nato e alguns países da Europa retalharam a Jugoslávia, bombardearam Belgrado e criaram o protectorado do Kosovo, a que mais tarde deram a independência, a Rússia, entre outros países, insurgiu-se protestando contra a violação do direito internacional que defende a prevalência das fronteiras em prejuízo das pulsões independentistas.
Agora na Geórgia, ou mais propriamente a propósito das provocatórias aventuras militares da Giórgia, a Rússia manda às malvas tudo o que disse e escreveu antes e porta-se como os EUA se portaram nos Balcãs, calcando o direito internacional em benefício da independência das regiões separatistas.
Em ambos os casos o que sobra é a falta de coerência e a substituição do direito nas relações internacionais pela força das armas. O que além do mais é perigoso.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

SINAIS DA CRISE

Fui com a Ilda manifestar a nossa solidariedade aos trabalhadores da Fidar que ao portão da fábrica mostram a quem passa mais uma empresa têxtil que agoniza.
Ouvi o costume da boca de homens e mulheres que ali gastaram muitos anos - um deles dizia do alto dos seus cinquenta anos que tinha 11 quando entrou ali pela primeira vez. Só querem o que a lei lhes dá.
Lembro-me de um dia ter visitado a empresa. Era uma fiação moderna. Juntamente com a Incotex, de cujo ventre tinha saído, formava um conjunto que primava pelas condições de trabalho e pelo respeito aos seus operários.
Agora porta-se como outras. Daí a mágoa que senti nas palavras dos mais velhos.

QUESTÃO DE FRALDAS

À saída da última reunião da assembleia de freguesia um homem dos seus cinquenta e tal anos abeirou-se de mim e disse: se eu estivesse no seu lugar tinha sido mais duro com os socialistas.
Não conheço o senhor que rematou a conversa dizendo: eles ainda andam de fraldas.
Delicadamente agradeci as palavras outras que me dirigiu e despedi-me dele pedindo-lhe que embrulhasse as fraldas para não empestarem o ar limpo da democracia.

INQUÉRITO OU AUDITORIA?

Em entrevista ao Reflexo o Presidente da Junta das Taipas, Constantino Veiga, discorre, e muito, sobre práticas e procedimentos do início do seu mandato e também do mandato anterior, práticas que considera incorrectas.
Creio eu ser esta a primeira vez que alguém da actual Junta envolve o anterior Executivo num processo que se tornou do domínio público graças ao esclarecimento prestado em sessão da assembleia de freguesia.
Convidado a clarificar o caso, o arquitecto Constantino espraia-se em considerações e explicações incoerentes, pormenor que quanto a mim revela a sua conhecida e reconhecida falta de capacidade política.
Diz ele que no mandato passado e no início deste aconteceram procedimentos inadmissíveis no tratamento de assuntos e não só, procurando fugir à pergunta do jornalista sobre o alegado uso indevido de dinheiro dos contribuintes. Para o Constantino houve práticas erradas e pouco mais do que isso, coisa que se quer agora corrigir em nome, pasme-se, da avaliação das funcionárias.
Se a questão era processual, então em vez de encomendar aos advogados que apurem os factos e a verdade, como ele confessa ter sido decidido, a Junta devia ter chamado uma empresa de auditoria especializada que a ajudasse a rever o procedimento usual, as práticas implementadas, trocando-as por outras novas e mais conformes à gestão actual. Isto, claro, se a Junta se sentisse incapaz de resolver o problema pelos seus próprios meios. No domínio do simbólico, ao chamar o advogado a Junta disse o que pensa sobre o caso. O Constantino pode agora dizer o que mais lhe convier, mas as suas palavras não anulam nem desmentem a decisão tomada.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

POBREZA

Li, algures, que o úmero de pobres em Portugal está a aumentar e que a minha região figura entre as que mais pobres tem. Não fico nada contente.
Li, algures, que no Brasil, em Angola e na China se passa exactamente o inverso, ou seja o número de pobres está a diminuir. Fico contente.
E depois penso como o discurso sobre os direitos humanos é o tapete para debaixo do qual alguns despejam a sua má consciência social. E fico revoltado.

GUERRA

Não gosto de guerras e sou dos que acham que nenhuma delas tem uma justificação convincente. Logo, não gosto do que se está a passar entre a Geórgia e a Rússia com ossetas pelo meio.
Por isso assisto incrédulo aos críticos que falam de invasões de países soberanos e que negam o direito deste ou daquele povo a ser livre. Esquecem-se das bombas sobre Belgrado, da independência do Kosovo, da invasão da ilha de Granada, etc. e falam e tal como se nos armários das suas consciências não houvesse cadáveres.